"Fizemos experimentos primeiro em ratos e depois em células com câncer e células imunológicas de pacientes humanos, e descobrimos que a salmonela estava fazendo exatamente o mesmo trabalho", disse por telefone Maria Rescigno, do Instituto Europeu de Oncologia, de Milão, que participou do estudo.
"Agora estamos prontos para passar aos (testes com) humanos, mas estamos esperando autorização."
O estudo, feito por cientistas da Itália e dos Estados Unidos, foi publicado nesta quarta-feira, 11, na revista Science Translational Medicine.
A pesquisa examinou células com melanoma, o tipo mais letal de câncer de pele, para o qual há poucos tratamentos eficazes, e nenhum que leve à cura. Mas Rescigno disse que o método deve funcionar também contra outros tipos de tumor.
Segundo os cientistas, a bactéria salmonela, se usada de forma segura, não causa a doença. Ela na verdade marca as células cancerígenas, que são então localizadas e mortas pelo sistema imunológico do organismo.
Em estágios iniciais do câncer, uma proteína chamada connexin 43 "marca" as células para o sistema imunológico, mas com o desenvolvimento da doença o processo se torna ineficiente.
A equipe descobriu que a salmonela aumentava a quantidade de connexin 43 nas células doentes de ratos e nas amostras de tumores humanos. Isso permitia que o organismo combatesse a doença, e impedia sua difusão para outras partes do organismo dos ratos, segundo Rescigno.
O resultado sugere, segundo ela, que no futuro poderá existir uma espécie de "vacina" contra o câncer. A pesquisa é parte de uma linha de tratamento relativamente nova, a das drogas imunoterápicas, que se valem do sistema imunológico do organismo para combater a doença.
Em abril, as autoridades dos EUA aprovaram o uso comercial da vacina terapêutica Provenge, do laboratório Dendreon, que estimula o sistema imunológico a atacar o câncer de próstata. É a primeira vacina do mundo destinada a tratar tumores.
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