sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Serra sabia do dossiê do Estado de Minas e conhecia Amaury desde 2008

O jornal mineiro Hoje em Dia, traz reportagem reveladora sobre o chamado dossiê a respeito de José Serra.
Começou em 2008:

- Antes de se decidir os possíveis candidatos à Presidência, no início de 2008, um dossiê começou a ser montado em Belo Horizonte. A intenção era de levantar a movimentação financeira das empresas Decidir.com., com sede nas Ilhas Virgens, e Patagon, na Argentina.
- Jornalista com vínculo profissional com o jornal “Estado de Minas”, Amaury Ribeiro Júnior foi o responsável pelo levantamento do material, com base na CPI do Banestado, em 2003. A CPI investigou a evasão de divisas do Brasil para paraísos fiscais entre 1996 e 2002, num total de cerca de US$ 84 bilhões.

Amaury manteve contato com Serra

- Durante a produção do dossiê, o jornalista manteve o contato com José Serra, em São Paulo, depois de fazer todas as apurações das movimentações das duas empresas. A Decidir.com e Patagon eram das sócias Verônica Serra, filha de Serra, e de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity.

“Não mexa com Minas, que Minas reage”

- Com o conhecimento do dossiê, Serra viajou para Belo Horizonte para participar das comemorações dos 80 anos do jornal “Estado de Minas”, em 2008 (foto). Além dele, outro governador presente foi José Roberto Arruda, do Distrito Federal, cotado para ser o vice indicado pelo DEM numa chapa com o PSDB.
O assunto dominante na noite era o recado claro a José Serra, dado inclusive, indiretamente, no discurso de um dos diretores do jornal, que garantiu: “Não mexa com Minas, que Minas reage” – referência à possível espionagem de Marcelo Itagiba (para Serra) contra Aécio Neves.
- No final do ano passado, quando os nomes da corrida presidencial estavam praticamente definidos, o jornalista deixou o jornal. A notícia do dossiê chegou à cúpula tucana. O caso foi abafado.

Acontecimentos de 2009

- As declarações de renda dos tucanos foram encomendadas pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Ele não só fazia a encomenda dos dados obtidos ilegalmente em agências da Receita em São Paulo, mas ia a capital paulista buscar os documentos. As viagens eram pagas pelo jornal ou por um funcionário do jornal.
- Amaury confirmou que pagou R$ 12 mil ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia, que trabalha em São Paulo. A PF não sabe de onde saiu o dinheiro.
- Garcia confirmou que Amaury pagou pelos dados do genro de José Serra, Alexandre Bourgeois, do dirigente tucano Eduardo Jorge, das sócias Verônica Dantas e Verônica Serra, além de outros integrantes do PSDB.
- O jornalista decidiu fazer a investigação depois de descobrir que o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) estaria comandando um grupo de espionagem a serviço de José Serra para devassar a vida do ex-governador Aécio Neves que tinha a intenção de disputar a Presidência.
- Amaury deixou o emprego no jornal, no final de 2009.

Acontecimentos de 2010

- O delegado afirmou à polícia que foi chamado para cuidar da segurança do escritório do jornalista Luiz Lanzetta, responsável, até então, pela coordenação de comunicação da campanha de Dilma. Lanzetta deixou a campanha em junho, após a revelação do caso, negando que teria participado da criação do dossiê.
- Amaury Ribeiro Júnior se encontrou em abril com Luiz Lanzetta, responsável, até então, pela coordenação de comunicação da campanha de Dilma Rousseff à Presidência.
- Amaury confirmou que, durante o período em que ficou em Brasília, negociou com a equipe da pré-campanha de Dilma Rousseff.
- A notícia de que Lanzetta participava da montagem do dossiê fez com que a direção do PT o afastasse. Ele deixou a campanha em junho, após a revelação do caso, negando participação na reunião dos documentos, que havia começado em 2008.
- Até o final de 2009, o levantamento em torno da movimentação de recursos feita pelas empresas da filha de Serra e da irmã de Dantas já estava concluído. Em nota, a PF afirma que ficou constatado que os dados do dossiê foram utilizados para elaboração de relatórios, “mas não foi comprovada sua utilização na campanha política”.

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